Ecologia Política


Ecologia política é o estudo da relação harmônica ou desarmônica entre os grupos sociais e o ecossistema em que estão inseridos, ficando alguns grupos com os recursos e outros sofrendo mais com a poluição. É uma interdisciplina com bases na geopolítica e na biologia. 
Levando a sério os desequilíbrios provocados pela atividade humana, a ecologia política vai interrogar-se sobre a modernidade e desenvolver uma análise crítica do funcionamento das sociedades industriais. Esta análise questiona um certo número de valores e de conceitos-chave sobre os quais se apoiam nossa cultura ocidental.

Em Platão, há 2.400 anos, uma crítica ambientalista ao desmatamento e à erosão do solo decorrente do excesso de pastagem. Mas as raízes de um movimento coletivo de defensores do meio natural são
discerníveis na Grã-Bretanha na década de 1860. Tal movimento diversifica-se(preservacionismo, conservacionismo) , espalha-se durante a primeira metade do século XX e politiza-se rapidamente desde os anos 60, gerando, inclusive, diversos partidos verdes na década de 1970 (McCORMICK, 1992).

O que é ecologia ?
Segundo o dicionário Le Petit Robert, a palavra aparece na segunda metade do século XIX. Termo utilizado pela biologia, em sua origem, a ecologia é uma disciplina científica. É a ciência que estuda a relação triangular entre indivíduos de uma espécie, a atividade organizada desta espécie e o meio-ambiente, que é ao mesmo tempo condição e produto da atividade, portanto condição de vida daquela espécie.

Da ciência à política
Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. A passagem da ciência à ecologia política introduz questões sobre o sentido do que fazemos, levando a uma série de outras perguntas : em que medida nossa organização social, a maneira como produzimos e consumimos, modificam o meio-ambiente ? E, mais precisamente, como pensar a combinação, a interpenetração, a disposição destes diversos fatores nas ações sobre o meio-ambiente ? Serão favoráveis os efeitos destas modificações sobre os indivíduos ? Desfavoráveis ? A ecologia científica diz-nos quais são os efeitos de nossos comportamentos e práticas; esclarece-nos sobre o que está em jogo. Aos homens, no entanto, cabe-lhes escolher o modo de desenvolvimento que desejam, em função de valores que evoluem no curso de debates públicos.

Assim a Ecologia Política propõe-se a contribuir para:
- Entender que os problemas ambientais não afetam a todos igualmente, sendo os pobres geralmente os mais prejudicados;
- Entender que a riqueza dos ricos depende do apoderamento do meio-ambiente;
- Entender as decisões das comunidades sobre o ambiente natural, considerando o seu contexto político, a pressão econômica e as regras da sociedade;
- Compreender como relações desiguais entre sociedades afetam o ambiente natural;
- Compreender como a desigualdade social afeta o meio ambiente.


A bibliografia do assunto é composta por autores como Jean-Pierre Dupuy (1980), André Gorz (1980), Jean Dorst (1973), Cornelius Castoriadis e Daniel Cohn-Bendit (1981), Edgar Morin (1973), Lester Brown (1983), Karl Deutsch (1977), Kenneth Boulding (1978), Ronald Inglehart (1977), Herman Daly (1977), Georgescu-Roegen (1971), John Galtung (1977), Arnold Toynbee (1979), William Ophuls (1977), Gregory Bateson (1986), Ignacy Sachs (1986), Lester Milbrath (1984), Barry Commoner (1980), Paul Ehrlich (1968), Ivan Illich (1976), E.F. Schumacher (1983) e Roger Garaudy (1979) estão entre os pioneiros da ecologia política entre a década de 1950 e meados dos anos 80.

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