Quem é o verdadeiro vilão da crise hídrica?


Estamos em um momento onde a crise da água está sendo fortemente debatida. A região Nordeste sempre teve o assunto em pauta, mas agora que a região Sudeste sofre com a estiagem vemos o assunto ser tratado com a atenção que sempre deveria ter sido empenhada. Tendo São Paulo, sua maior cidade, já passando por racionamento do abastecimento de água, nos perguntamos: será que essa crise começou somente agora? Essa crise existe mesmo? Será que a água que a gente consome no nosso dia a dia é o grande problema?

Em todos os veículos da mídia vemos a pauta de como reduzir o consumo doméstico de água mas a realidade temos o agronegócio como responsável por 60% do desperdício de água no país, segundo pesquisa da Organização Não-Governamental WWF. A pecuária faz grande contribuição para os problemas ambientais que enfrentamos, um relatório publicado pela ONU em 2006 revelou que para cada quilo de carne bovina, há o gasto de cerca de 16 mil litros de água. Não podemos deixar de citar também a indústria para a produção de couro que gasta quantidades exorbitantes de água beirando aos 17 mil litros. Outros dados de forte desperdício de água na cadeia produtiva mostram que um quilo de carne de porco gasta quase 6 mil litros de água, já o frango, 4 mil. Temos também as plantações de soja, que na sua maioria, são destinadas à alimentação dos animais e para a exportação, e que gastam  cerca de 2.500 mil litros de água. 

A vilanização do consumo doméstico mostra a política de olhos vendados para o real problema, onde quem sai perdendo é o lado mais fraco já que os grandes produtores seguem lucrando com o seu imenso desperdício. Claro que não devemos tomar banhos demasiadamente demorados, deixar nossas torneiras jorrando água ralo abaixo nem muito menos lavar as calçadas das ruas, mas temos que ter a noção que o verdadeiro foco do problema está em uma escala muito maior que a doméstica e que devemos cobrar dos verdadeiros vilões providências imediatas e também de longe prazo.

Aprendemos que água é um recurso renovável, mas se não tomarmos as devidas providencias ensinaremos às próximas gerações exatamente o contrário.

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